Depoimentos - Você no Mundo do Trabalho - 2

"A luta pela participação é também uma luta pelo seu conceito, e isso porque os dominadores buscam sempre 'expropriar as pessoas que se tornaram conscientes da sua repressão, e que querem se emancipar, dos meios de expressão de sua linguagem política, na qual estão concentradas, ao mesmo tempo, a recordação de ferimentos sofridos, a memória coletiva e a reinvindicação e a promessa de uma vida melhor'". 

Negt & Kluge citado por Marco Aurélio Nogueira no livro Um Estado para a Sociedade Civil, SP: Cortez, 2005

Depoimento de Assistente Social da Reabilitação Profissional
* Ana Amélia Dato Teixeira é Assistente Social do INSS há 25 anos. 

Parabenizo a equipe idealizadora deste blog pela criação de um espaço para divulgação de informações de tema tão relevante. Como servidora pública da Reabilitação Profissional pude testemunhar as medidas impostas ao setor/serviço nas últimas 2 décadas, que, travestidas de modernização não tinham outro objetivo senão adequação à nova gestão de Estado, conforme explanado pelo Prof. Paulo Roberto Leal. Podemos enumerar a redução drástica no quadro de pessoal reduzindo de aproximadamente 60 servidores para 10, além da mudança de enfoque do reabilitador, que fazia parte de uma equipe muldisciplinar – Médico, Assistente Social, Psicólogo, Sociólogo, Fisioterapeuta, Terapeuta Ocupacional, Técnico em Assuntos Educacionais e Enfermeiro - passando ao perfil generalista, com significativas restrições orçamentárias e financeiras na contramão de uma demanda crescente, adoção de medidas de descentralização sem a devida infra-estrutura que desse sustentabilidade, resultando no recuo de tais medidas, não sem prejuízos dos espaços físicos, por si só já precarizados pelas constantes mudanças, perda do acervo histórico, condenado à obsolescência em nome da informatização, que por sua vez não se efetivou na sua totalidade, até pela escassez de equipamentos, tudo isso em nome da modernização.

Há que se ressaltar o investimento no aprimoramento dos recursos humanos que ocorreu por iniciativa dos próprios profissionais, que buscaram especializações para melhor entender a nova dinâmica social, tornando-se mais capacitados para responder às novas demandas sociais.

As lutas históricas com o objetivo de garantir qualidade na prestação dos serviços e sua manutenção enquanto política pública, conforme direito conquistado pela classe trabalhadora, exige que os profissionais, instituições públicas, segurados, trabalhadores e seus órgãos representativos e a sociedade como um todo, participem através dos mecanismos de controle social apropriando-se desta causa conscientes de que a herança que deixaremos para a posteridade será o resultado do que priorizarmos e nos engajarmos hoje.

Ana Amélia Dato Teixeira