quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Marcelo Yuka discute sobre acessibilidade no Dia da Pessoa com Deficiência Física






“Ai da nação onde cada tribo quer ser uma nação”. Gibran






Em comemoração ao Dia Mundial da Pessoa com Deficiência Física, 11 de outubro, o compositor e ex-integrante da banda o Rappa, Marcelo Yuka, participou ontem de evento realizado na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Juiz de Fora.

Embora a temática central fosse a questão da acessibilidade, Yuka, com sua fala coloquial, ampliou os horizontes do debate  na perspectiva da emanciapação da família humana, para além dos quintais individuais, ao declarar “eu quero ser feliz no plural”. Para o compositor, ainda não alcançamos uma mudança humanizante, uma vez que as mudanças ainda são ditadas pelos interesses de mercado. Desta forma, em seu discurso, ele ratifica o valor das conquistas dos movimentos sociais, das lutas que têm assegurado a perspectiva do direito na superação da lógica do favor. “O meu direito não é favor, eu não quero favor"  defende Marcelo Yuka, e explica que ter direito é não ter que depender de gentilezas, mas ter assegurada a autonomia.
Durante a palestra, Yuka não demonstra preocupação em fazer uso de um vocabulário formal, no entanto, sua fala expressa a erudição, ou seja, a sabedoria de quem concebe “o amor como um ato político” que funda o movimento real da vida experienciada em todas as suas dimensões, sem negar seus altos e baixos. Não clama por vingança, mas por justiça, e alerta que ”deficientes são os portadores de preconceito, a deficiência que mais produz gastos, mazelas, neste país, é a deficiência de princípios”. Neste sentido, de acordo com Yuka, pior do que não ter leis, é ter leis que não são cumpridas. Esta é a pior forma de tirania. Nem vítima, nem herói, o compositor mostra-se sensível às debilidades sociais presentes naqueles que se encontram à margem das condições de uma vida digna, ou seja, àqueles aos quais são negadas todas as formas de acesso aos bens materiais e espirituais, e só “conhecem o braço repressor”. Segundo ele, “Inclusão não é para quem tem dificuldade física, é para quem tem dificuldades, e todos têm. Ter uma sociedade mais justa, não é lutar pelo próprio umbigo, mas lutar pelo umbigo do mundo” conclui.
Letras críticas e contundentes sempre fizeram parte dos sucessos de Marcelo Yuka, desde quando ainda era integrante da banda o Rappa. Depois da tentativa de assalto que sofreu em 2000, quando levou 9 tiros, sendo que um atingiu sua coluna vertebral e o deixou paraplégico, o músico tem participado ativamente de projetos sociais. Em parceria com o AfroReggae, atuou com a FASE - Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional do Rio de Janeiro e junto à comunidade do Morro Santa Marta. É também fundador do F.U.R.T.O. - Frente Urbana de Trabalhos Organizados, e da B.O.C.A. - Brigada Organizada de Cultura Ativista, que leva cultura e educação para entidades carcerárias.

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